A afogada


À deriva, tu te vais
No rio da lembrança
E, na margem, logo atrás,
Grito teu nome à distância.

Mas te afastas, lentamente...
Corro, então, desesperado
Chego perto, brevemente
Tento alcançar-te, desenganado

E te afundas por instantes
Na correnteza severa
Tocando os galhos flutuantes
Tu hesita e me espera

E com a face escondida
No vestido sem vaidade
Temendo que seja percebida
E a vergonha e a saudade

Não passas de um barco em pedaços
Cadela jogada ao longo das águas
Mas permaneço teu escravo
E mergulho em tuas mágoas
Escondida a lembrança na memória
Esse oceano do esquecer
Despedaça nossa vida e história
Sem que possamos nos reaver

Livre adaptação de La Noyée, de Serge Gainsbourg

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