DESMONTAGEM CÊNICA: DE-SUTURAS



Foto de Mariana Rotili


Desmontagem Cênica
Por Igor Nascimento
            6° Tratamento


Um painel cacos de espelhos um e um banco pequeno.
O painel está coberto por sacos de plástico e atrás também, com os que sobraram do ensaio.
Há uma mesa baixa com uma garrafa pequena de café e uma xícara pequena.
 Várias pranchetas espalhadas no cenário.

ESPAÇO ILUMINADO E VAZIO
DRAMATURGO, NO FUNDO DO PALCO.
É difícil escrever a primeira linha, não é? Acho que se houvesse uma estatística, um em cada 10 textos começariam falando da página em branco, das primeiras palavras etc. etc. etc. A página em branco é certamente a pior das paredes. O branco: o limpo: o “a ser” preenchido: o “a-ser”, o não ser. E isso que eu estou falando agora pouco não tem nada a ver e foi só pra não começar o texto de qualquer jeito.
O que apresento aqui são fragmentos de textos com algumas intervenções do dramaturgo – que sou eu.  É um retorno, na verdade. Mas, nessa ida, eu falo do que sempre volta. Das ideias fixas. Das fragmentações de personagem, fala e rubrica que não sei por que sempre eu uso. Não como ferramenta, mas como um sintoma. Sintoma das coisas que me inquietam, que ficam martelando na cabeça.
(para alguém da plateia) Então pra começar minha joga essa bola no espelho para se ele quebra.
Fragmento número 1: O NOME DA PERSONAGEM.  
ENCAMINHA-SE PARA O LOCAL DA CENA
Minha pessoa ‘mysélfica’ de ‘moi’ mesma se chama: IGOR FERNANDO DE JESUS NASCIMENTO.
Não sei muito bem a origem dos últimos nomes, tipo família, país, mas garanto que pertenço à família dos “DIJÉS”.
O que, no Maranhão, engloba todos aqueles que têm a partícula “De Jesus” no nome. De Jesus, De Jés, Dijé.
Já a composição “Nome de Homem + Fernando” Revela uma leve influência das novelas mexicanas na cabeça de minha mãe. “Fernando”, de fato, confere esse ar novelesco brega: Eduardo Fernando, Elias Fernando, Gil Fernando, Igor Fernando.
PEGA PRANCHETA 1
Mas meu nome artístico mesmo é Igor Nascimento sem Fernando de Jesus.
Eu ainda tentei – quando estava com o poder de me rebatizar – tentei dar um incrementada (ESCREVER NOME “YGOR”) nesse nome, acrescentando aí uns “Y” onde tem “I” (MOSTRAR “YGOR”).
“YGOR” MANUSCRITO CAI NO CHÃO
ESCREVER “IGOR DI JESUS”
Ou “I” onde tem “E”: Igor DI Jesus (ESTRANHAR) dando esse tom meio que italiano à coisa. (pausa) Não funcionou muito bem.
Por último tentei “Ighor”, I-G-H-O-R. Com esse “H” mudo meio que gourmet.
MOSTRAR IMPRESSO “IGHOR”.
Gostei por um instante. Pus no facebook, inclusive. Mas, ao me rebatizar de tal modo, me veio, não sei por que, a impressão de ser aqueles pais de periferia que complicam o nome do guri, sabe?
“IGHOR” NO CHÃO
Vou citar alguns de alguns colegas com quem estudei:
MOSTRAR ESCRITO “DHEMYLLE KETHELYN”
DHEMYLLE KETHELYN!
MOSTRAR “WALLACY GHABRIEL”
WALLACY GHABRIEL!
Quando entra um “W”, então, parece que vem a reboque um desfile carnavalesco de “Y”, “LL”, “NN”, “H” mudo tudo quanto é letra.
Pra essa apresentação decidi me chamar de Igor Nascimento, mas não da forma usual, mas assim:
COLOCAR FOLHAS COM O AS LETRAS DE YGOR NASCYMMENNTOH FALTANDO O “W”
COM O “W” NA MÂO
Lamentando, desde já, não conseguir colocar um “W”. Juro ter tentando de tudo quanto é jeito!
Eu tenho isso com nome de personagem, sabe? De mudar o nome da personagem no meio de uma cena ou por uma rubrica ou por uma fala. SOLDADO I agora se chama ROBERTO. Tem uma peça, Caras-Pretas, em que isso acontece à exaustão. A peça fala sobre a Balaiada, uma revolta do período regencial, do tempo da Sabinada, da Farropilha. E o que deflagrou a revolta mesmo foi o recrutamento forçado. Tipo imagina, chega uma caralhada de gente na sua casa e diz assim: ei, larga tua família, tua mulher, tuas coisas, largar teu nome e vem... vem lutar com a gente. Venha você ser um soldado e morrer como soldado, sem nome. Então nessa peça, alguns personagens se rebatizam, como uma sorte de afirmação: eu sou! E outros, com menos sorte, negam seu nome. Não consegue mais ser chamado pelo que foi. Então , entre eles tem o Manoel Francisco dos Anjos – o mais sanguinário de todos – que ficou conhecido como Balaio e eu escrevi essa transformação: do nome para o codinome. E isso acontece quando o exército chega na casa dele e não o encontra, mas encontra a filha e a esposa e estupra e mata. E aí ele vai para guerra.  
LER

Saiam! Sumam! Eu prometo ... Eu prometo que vou matar um por um ... Matar com a pior morte possível. Ei de sufocá-los de dor. Amaldiçoados! Saiam! (Ele começa a se bater) Sai nome! Não te quero mais, Manuel! Some! Some tu daqui! Seu infame! Seu covarde! Vai-te embora! Vai-te embora! Te enterra com tua mulher, desgraçado! Te enterra, com tua filha, seu porra! Porque eu ... Eu agora vou sair para caçada! Sou eu, agora, o Balaio! E onde eu pisar vão me chamar, escreve! Vão anunciar minha chegada com medo e pavor! Pois nenhum branco... Nenhum branco, me ouve Manuel Francisco dos Anjos Ferreira! Nenhum branco terá o direito de esquecer de mim, porque teu drama, indigente, foi esquecido. Enterra aqui tua história de homem. Pois agora começa a saga do bicho!

FRAGMENTO DE NÚMERO 2: A AÇÃO DA PERSONAGEM

Um personagem, tradicionalmente, “quer” algo, parte em busca de seu objetivo, encontra um obstáculo que gera um conflito, vai de ação em ação desenvolvendo esse embate, chega ao ponto mais alto o clímax e fim. Esse é a trajetória do herói que é, na verdade, o arco dramático são os desdobramentos do querer.
Eu já tendo pelo drama da imobilidade. Dessa ação que não sai do lugar e para no tempo, como em Esperando Godot, em eles esperam algo que nunca vem e nem por isso param de esperar.  Ou desse querer que não parte, necessariamente, de uma motivação interna, que não é algo que vem de dentro, mas algo que vem de fora, como se levasse esse personagem, não havendo no que ele faz um querer consciente, lógico.
Vou dar um exemplo de mote:
Um corintiano desconhecido encontra um palmeirense, igualmente desconhecido. Ao se encontrarem pela primeira vez eles decidem, de repente, que são inimigos mortais.
Não se sabe muito bem se o amor à primeira vista é possível. Mas o ódio à primeira vista move as pessoas de tal forma e sem um porque plausível...  
- Por que você o matou? Por que ela tava com a camisa do time adversário.  
E nessa existência, de títere, um pequeno nada, um pedaço de nada, um nada de nada, pode significar uma existência inteira ou, na outra via, algo extremamente grave, como uma agressão medonha ou um assassinato pode ser tratado como um pequeno nada, um pedaço de nada, um nada de nada.
Vou contar para vocês uma releitura que fiz do mito de Narciso cuja ação dramática é apenas ficar na frente pro seu reflexo e se olhar. Só!

O DRAMA DE NARCISO
Para trás do cavalete.

            Ao olhar seu reflexo na lâmina d'água, Narciso intui:
- Este sou eu.
Para constatar se de fato o era, Narciso toca a ponta do nariz. A imagem faz o mesmo. Ele pondera, surpreso:
- Este, realmente, sou eu!
Curioso, ele tenta tocar levemente seu reflexo. Ao triscar a ponta do dedo na água, seu rosto se desmancha em pequenas ondas. Decepcionado, conclui:
- Este não sou eu...
As águas se alinham, novamente. E lá está, refeita, a imagem de Narciso: refletido tal e qual. Ele pensa, sem esperanças:
- Esse... bem... esse não sou eu...
Para constatar se de fato não o era, Narciso toca a ponta do nariz. A imagem faz o mesmo. Ele exclama:
- Esse sou eu, realmente!
Emocionado, ele toca o espelho d’água. Sua imagem se distorce em mil ondas. Narciso, desesperado, se pergunta:
- Pra onde eu fui?

Toma um café e como um biscoito cream cracker.
Minha mãe sempre dizia que é muita falta de educação comer ou beber algo na frente dos outros sem oferecer.
Toma o café e como o biscoito até o final sem oferecer a ninguém.
Comendo bolacha

FRAGMENTO DE NÚMERO 3: O TEMPO DA PERSONAGEM

Escrevendo pra essa apresentação eu voltei no tempo e me lembrei de como comecei minha carreira de escritor: foi como poeta... Mas não era como qualquer poeta, não, era como poeta maldito!
Imbuído de tal missão com a poesia, larguei engenharia para fazer Letras, causando, assim, uma comoção geral na família, estendida para Igreja Católica Nossa Senhora da Penha e para comunidade do Anjo da Guarda, que é a onde eu moro.  
Porque filho de pobre que gosta de estudar e que estuda, tem basicamente três opções: ou vira médico ou vira advogado ou vira engenheiro.
E eu me lembro, que quando passei para engenharia meu pai matou um bode, um puta bode e fez uma festa. Já quando eu passei para Letras o pai não matou um bode. Ele queria matar eu, veja só!
E os compadres vieram falar, padrinho, amigo, amigo de amigo, quitandeiro e até o padre! O padre! Logo eu: homem feito, poeta maldito convicto, diante de um padre.  
Mas, infelizmente, o felizmente – não pra mim, mas para a poesia com um todo - eu desisti de ser poeta maldito. Mergulhei no universo da prosa e da dramaturgia, mas é na dramaturgia em que me encontro.
E no fim, olhando para o passado, sempre penso que você: o pronome você, que designa a sua pessoa, é um substantivo, uma substância, que vai mudando de significado ao longo do tempo. Mas não esse tempo que galopa em tique-taque linear... É o tempo que se parte, é o tempo que volta; o tempo que inunda e afoga; o tempo que nos dobra; que nos distorce. E daí me vem sempre lugares e cenários como paradas de ônibus, esteira de metrô, rua cheia de gente, lugares onde o drama do tempo acontece, justamente por serem intervalos entre um ponto e outro, por serem lugares de suspensão. E é pegando como cenário uma parada de ônibus que fiz uma peça sobre Alzheimer. E a situação é essa:
Pega PRANCHETA 3 e vai para o Fundo.
Um VELHO, OSVALDO, está pelado, tomando chuva, numa parada de ônibus sem cobertura. Daí, Osvaldo encontra um OUTRO VELHO que passava por ali e explica para ele como ele fora parar ali, pelado, tomando chuva, numa parada de ônibus. 
- Bem, essas paradas aqui não têm proteção contra chuva. Ia me molhar todo e, quando chegasse em casa, estaria completamente ensopado. Isso se me deixassem entrar no ônibus! Então decidi: vou tirar as minhas roupas!
– Mas isso não tem sentido! Interpela o OUTRO.
– Claro que tem. Eu posso me molhar a vontade. Depois é só me enxugar com uma toalha e pronto: estou novo em folha. Já as roupas, essas são mais difíceis. É preciso pendurá-las no varal. Estendê-las no sol e adivinha?
 – O quê?
– Estava chovendo!
- E onde você colocou roupa? Pergunta o OUTRO VELHO QUE que, por sinal, não está nu. Pelo contrário, está muito bem vestido: calça, suspensório, boina. O VELHO responde
– Ué, coloquei minha roupa no bolso na minha calça!
(para Plateia) Mas, ué, ele não tava sem calça?!
- Foi aí que aconteceu algo impressionante! Eu botei a calça para botar minha calça no bolso da minha calça... Só que quando botei minha calça de volta percebi que tinha que tirar a calça para por a calça dentro do bolso da calça...
(para plateia) Hã?
– O que você fez? Pergunta O OUTRO VELHO.
– Nada! Respondeu
– Mas... E a calça?
- Acabou sumindo!
– Sumiu?
– Sumiu!
– E onde foi parar...
– Acho que está em algum lugar dentro de mim...
– O senhor não enfiou no...
– Claro que não! Acha que sou doido?
– Não... Só não entendo como elas sumiram...
E Osvaldo ficou pensando nisso até chegar numa conclusão. Qual?
– Não fui eu que tirei minhas roupas. Foram as roupas que me tiraram.
(para plateia) Hã?!
– Elas me tiraram. Deixaram-me aqui e saíram!
– Isso explica tudo!
– Sim!
– Claro!
- Logicamente! E você é minha roupa que veio me buscar!
Pausa.
Não, ele não era...
- E quem é você, afinal? Pergunta um VELHO para OUTRO VELHO.
- Eu sou um outro, assim como você... Ele responde.
- Eu... Eu sou um outro, é isso?
- Sim...
- Somos dois outros?...
- Não... Não existe “dois outros”. Um outro é sempre mais um.
O que mais me intrigava, nessa pesquisa feita em cima do Mal de Alzheimer, era quando a gente mostrava um espelho e perguntava para pessoa “quem é esse”. E muitos diziam:
- Papai...
- Mamãe...
Ou, simplesmente: “não sei...”
E o tempo aparece aqui, atravessado no sujeito, como uma matéria, o tempo como uma tragédia íntima.

PARA CENA
FRAGMENTO 4 E ÚLTIMO – O CORPO
Se um copo quebra no chão eu não posso juntar seus pedaços e remontá-lo, pretendendo que ele seja o mesmo. Aquela premissa de que o todo é soma das partes é um tanto quanto falsa, porque, caso contrário, os cacos voltariam a ser mesmo copo. Não acho que para o corpo seja diferente: a cada pedaço que me tiram, impossível eu ser o mesmo de antes, é impossível eu ter a mesma presença depois da pancada dura, depois do estupro, do tapa humilhante, da agressão hedionda, depois de se vender de forma ultrajante. E esses últimos textos são onde os personagens que mudam de corpo. Uns viram bicho, outros viram líquido, outros viram uma coisa – mas tudo tem como mote uma violência, implícita ou explícita, que tá lá como mote.
DISTRIBUIR TRECHOS PARA PLATEIA

DRAMATURGO. Esse personagem vira um porco. Ele é o garoto propaganda de um frigorífico e está em uma crise existencial. Não quer mais ser imagem e, pouco a pouco, se transforma em um porco. Quando ele realmente se dá conta do que é, o frigorífico o entrega para o abate.  
LEITOR 1.
JÂNIO, O PORCO.  É isso...  Observe o tanto de carne que tem aqui em cima, oinc. De onde isso vem? Teria esse bife um pé, um braço? Teria esse pedaço de charque uma cabeça? É doído ser a parte de alguma coisa e apenas isso e mais nada... Deve ser doído não sentir a dor da faca que nos atravessa. Por que se não dói aqui, oinc, dói onde?

DRAMATURGO. Essa personagem mata o marido envenenado e a cena é ela explicando para o cadáver porque o matou. Essa personagem vira água.
LEITOR 2.
ANA. Entregue às águas, meu corpo silencia. Devagar, ele escorre, ele vai me deixando, vai cedendo a seu próprio peso. Encontra chão, meu corpo mais líquido do que sólido, eu, mais água do que gente. E de repente tu bates na porta e eu volto para mim. “Já saio!”, digo eu, sem saber o que dizer. “Já saio!”, visto meu corpo e vou-me embora.
Esse é um caso de um homem que matou o amante da mulher à pauladas , na feira da liberdade, domingo, de dia. A população pensou que era um ladrão. (para o leitor) aí tu tem que falar num rompante! Mas espera eu ir lá pra frente na minha marca.
FIRMINO. Não é contigo... Não é com tu que tenho contas para acertar... É com teu corpo! É com ele que tenho contas! ...
PEGA O ESPELHO. ATRÁS ESTÁ O ÚLTIMO TEXTO. IR PARA FRENTE DA CENA.

DRAMATURGO; Quem fala esse texto nessa tragédia é um personagem que fora linchado. O nome dele é Mateus e, no final, depois de narrar como morreu, ele fala para mãe.


O ÉPICO DESFECHO DE MATEUS, VULGO “BODY”, FILHO DE ROSÁRIO.
(para plateia)
Ele, armado, em infeliz tentativa
De assalto, foi rápido rendido;
Logo despertou fúria massiva.
Os populares vieram em cima
Dele e o cobriram de pancada.
A criminosa vítima, tesa, parada
Prevê o fim que bem se aproxima.
Logo lhe é dado o primeiro chute.
Ele até se levanta, mas, cercado,
Por cordão de povo hirto e irado,
É inviável fugir, ainda que lute...

À força de tantos golpes secos
De gente de todos os becos.
No tronco, no meio do peito
Na cara, na fuça, na testa,  
Em todo lugar se atesta
Toque de agressão de efeito!
O menino, de andar vacilante,
A cuspir esporros de sangue,
Meio surdo de tanta porrada;
Chora fino, tal frágil filhote
Acossado, abatido, o garrote
Já não reage, já não faz nada.
Moldam seu torso à paulada;
Ele? Se sustenta como pode.
Ébrio, dança rito de morte.
E uma batida bem forte
Cair,no chão, faz o Bode!

Estatelado eis o bandido
No meio da rua, a gemer
Ouve-se pequeno balido
De bicho pronto a morrer.
De suas vestes é despido
Nu, o Bode grunhe, abatido,
Sem ter pra onde correr ...
Quando alguns percebem
Que ele se entrega, cansado
Rapidamente, o soerguem:
Em pé, o vivo-morto é colocado.
Põe-no a caminhar em cortejo.
Anda ele, não tem mais ensejo,
Por safanões o Bode é levado.
Se cai, tão logo é levantado.
Apanha durante inteiro trajeto
Até tombar feio em pleno chão
Pisam-lhe a cara, quebram-lhe os dentes
Lágrima e sangue, dolentes,
Clamam indulgente perdão.

Sem poder mais se mover,
Ele é, no poste, amarrado;
E ali, preso, ele é surrado
Até osso de braço aparecer,
Olho espocar, perna quebrar;
Sangue vomitar até morrer ...
E mesmo morto, onde está,
Ainda tem quem venha dar
Uma porrada forte a valer!
 (para a Mãe)
E, assim, mãe, fui morrer, sem nome, na rua
O concreto da calçada unida à carne crua
Com sangue sem corpo sobre o leito da sarjeta
E meus olhos sem lume, cobertos em tarja preta.

DEITA O ESPELHO NO CHÃO

FIM

Igor Nascimento


Fotos de Mariana Rotili 

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