POST “VOTEM”

 
            Impressiona o tanto de celebridades envolvidas nas campanhas eleitorais de ambos lados deste segundo turno de 2014. Pouco dizem eles. O mais comum é esta tomada:
            - Eu sou eu, pois cá está minha cara que vocês conhecem bem. Eu voto em “J” ou “H”. Votem “J” ou votem “H”.
            Um certo jogador de futebol “N” é um gênero humano classificado de “pessoa outdoor”. Quando o vi seu discurso a respeito do candidato “J”, pensei:
            - Quais é o envolvimento social de “N”? Se ele tem algum, por qual razão deixou de citá-lo? Ele fala como uma ator social ou apenas como um ator? Qual proposta específica “N” toma frente no programa de governo de “J”?
            Interessante o jogo que surge nesse tipo de propaganda. Um comercial de lavadora de roupa tem a mesma estrutura:
            - Eu sou eu, pois cá está minha cara que vocês conhecem bem. Eu ponho minhas roupas na máquina "Beta" ou "Alfa". Comprem “Beta” ou comprem “Alfa".
            Vários atores globais estão enfiando a cara na política, mas da cara não passam: seu engajamento social é ou zero ou perto de nada. Se existe, não é colocado em seu discurso. O que está implícito é a máxima “quem confia, compra”, quer dizer, “vota”.
A cada campanha eleitoral aprendo mais como se faz um bom marketing do que como se faz um bom governo.

Eu vou votar em “J” porque “Z” e “C” também vão votar nele. Votarei em “H” porque “N” e “R” estão do seu lado. Mas nem com “J” e “H”, nem com “Z”, “C”, “N”, “R” que bandeiram pelo 1, 3, 4 ou 5 é possível escrever alguma sentença que não passe de um encontro consonantal e numérico, bem comum aos códigos de barra, às placas de carro, aos protocolos: meros identificadores que, infelizmente, tomam o lugar daquilo que chamamos de “identidade” - o verdadeiro X da questão.  

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