Ao decorrer do processo percebi a movimentação não estava
objetiva. O gesto era aleatório, não se encaixava no jogo
e trazia dispersão. Os quinze minutos iniciais da peça não prendem
a plateia. A peça começa sem força, pegando ritmo, apenas, do meio
para final.
É claro que os personagens não
podem se revelar logo no início. É preciso que eles deem indícios,
pistas para que a plateia já
comece a decifrar, criando assim expectativas que serão eclipsadas
de acordo com o andamento da peça.
O início da peça é o
estabelecimentos de trucagens
que vão induzir o espectador, enganá-lo, avisá-lo, excitá-lo,
inseri-lo ou excluí-lo.
É preciso definir, logo na primeira
cena, que jogo é
jogado.
Nesse caso, se faz necessário
apresentar:
As características das personagens
(extraídas através do embate de
suas contradições, de seus conflitos)
O contexto, a ação anterior. (e,
ao citá-los, definir como os personagens reagem)
Estabelecer um ritmo, através da tensão que implica cada
cena. (Uma cena bem tensionada, com os polos bem definidos,
impõe automaticamente um ritmo)
Por
exemplo: se um personagem quer uma coisa, ele age com insistência.
Se um age com insistência, o outro poderá reagir com impaciência.
Dessa forma a cena está polarizada,
tensionada.
Tendo
isso em mãos, é preciso estabelecer o jogo,
que nada mais é do que a iteração
dessa tensão com os
demais elemento da cena: cenário, luz, proposta da peça (comédia,
tragédia, comércio), os limites de cada ator.
Tensão,
partindo da eletrotécnica, nada mais é do que a força motriz que
faz com que a energia circule. A boa direção fara com que essa
energia circule na cena sem se dispersar, sem causar sobrecarga, sem,
oxalá, curto-circuitos!
Partindo daí, deve-se perguntar: o que move o personagem? Dizer quem
ele é, suas características, seu contexto histórico, pode ajudar,
mas não responde à pergunta. O que move o personagem são os seus
conflitos, de ordem interna, ou externa, ou seja, os conflitos que
ele tem em si mesmo, e/ou os conflitos que ele tem com a realidade
que lhe é imposta pela ficção.
Este conflito desembocará na AÇÃO, matéria-prima do drama. É
nela que tudo será pautado!
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