A Petite Mort e o Xama Teatro


Caderno de Direção #10

PROCÓPIO - Foste fazer o quê, posso saber?
TORQUATO - Pegar um ar...

PROCÓPIO - Pegar um ar?!
TORQUATO - Um arzinho...
PROCÓPIO - Um arzinho?!
TORQUATO -... 
PROCÓPIO - Pelo amor de Antônia, tens mais anos de morto do que de vivo. Tens mal as costelas, quem dirá os pulmões para pegar um ar, uma arzinho que seja...

                                                                                  (trecho de Um dedo por um Dente)



                  A Petite Mort está em processo com o Xama Teatro no espetáculo "As Três fiandeiras - A vida por um fio". Neste processo, fui convidado para escrever e, depois, me ofereci para dirigir. Elas aceitaram. Nuno e Luís entrarão com oficinas de voz e corpo, respectivamente, em fevereiro. O objetivo é promover a interação entre nós e este grupo de atrizes narradoras: Renata Figueiredo, Gisele Vasconcelos e Érika Quaglia. Além disso, mais um integrante, Paco, moçambicano entra com seu trabalho de percussão e suas raízes africanas. Iremos contar histórias, entrelaçadas com estórias, tudo entrecruzado: as fiandeiras, as atrizes narradoras e... as 3 moiras do Destino. Tudo costurado, nessa malha confusa, se olharmos assim tão de perto, mas que vai se compondo, pouco a pouco, fio por fio, até se tornar um tecido...

               Paralelamente, continuamos nosso projeto Diálogos com o Absurdo, com a peça Dona Derrisão. O alvo é tratar do Alzheimer. Um trabalho voltado bem mais para o drama do que para comédia, tendo o riso como um meio e não como fim (depois falo em outro Caderno de Direção). Ainda não começamos os ensaios. Estamos na fase do planejamento e do estudo. Não partiremos do zero, como foi em 1 dedo por 1 dente. Tenho Dona Derrisão há dois anos na cabeça, esboçando, criando imagens, pesquisando efeitos de cena e de cenário. É todo o processo de pesquisa de campo, reformulação de texto e o material que recolheremos que será bastante trabalhoso e desafiador, exigindo talvez o mesmo tempo da primeira peça, porém com mais resultados...

               Por fim, venho dizer que todo o processo será compartilhado aqui, através deste caderno que se torna quase como um diário de guerra, tendo em vista a batalha que travamos dia após dia ao fazermos teatro em São Luís, terra que inspira tantos e tantos, mas não deixa os seus filhos respirarem, Torquato que o diga!

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