Ao olhar seu reflexo na lâmina d'água,
Narciso intui:
- Este sou eu.
Para constatar se de fato o era, Narciso toca a ponta do
nariz. A imagem faz o mesmo. Ele pondera, surpreso:
- Este, realmente, sou eu!
Curioso, ele tenta tocar levemente seu reflexo. Ao triscar a ponta do dedo na água, seu rosto se
desmancha em pequenas ondas. Decepcionado, conclui:
- Este não sou eu...
As águas se alinham, novamente. E lá está, refeita, a
imagem de Narciso: refletido tal e qual. Ele pensa, sem esperanças:
- Esse... bem... esse não sou eu...
Para constatar se de fato não o era, Narciso toca a ponta
do nariz. A imagem faz o mesmo. Ele exclama:
- Esse sou eu, realmente!
Emocionado, ele toca o espelho d’água. Sua imagem se
distorce em mil ondas. Narciso, desesperado, se pergunta:
- Pra onde eu fui?
Em Caduco ou Crônicas do Esquecimento
Igor Nascimento
07/11/2015
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